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As reações do corpo aos eletrônicos
Ciência e Saúde

As reações do corpo aos eletrônicos

A maneira de olharmos o celular ou tablet, com a cabeça para baixo, já força um dos principais músculos do corpo. Despreparado, ele sofre e nós sentimos dor
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Você lembra que em muitas casas existia a mesa do computador? Para usar o equipamento, as pessoas sentavam em uma cadeira, com os pés no chão, as mãos em cima da mesa e o olhar na linha do horizonte. A cervical, os braços, o pulso, os dedos, os ombros, o quadril… tudo estava relativamente bem posicionado. Hoje, com os notebooks, tablets e smartphones, essa realidade mudou. Existe um excesso de uso, seja deitado, no ônibus, andando... e uma musculatura cada vez mais fraca e gasta.


“Imagine que nossa cabeça pesa e quem a está segurando é a musculatura posterior da cabeça, do pescoço. Então chega uma hora que isso fadiga, cansa”, destaca a fisioterapeuta Érica Linhares. Ela se refere à comum posição de olharmos o celular com a cabeça inclinada para baixo.

Essa má postura pode causar a síndrome do pescoço do texto, caracterizada pelo desgaste ósseo e desidratação do disco intervertebral.

“A gente só ouvia falar disso com pessoas acima dos 60 anos, agora começamos a ver essas deformidades em crianças, adolescentes e adultos”, complementa.


O famoso bico de papagaio, que se manifesta quando os ligamentos e as cartilagens que envolvem as vértebras se calcificam, também mais comum em pessoas mais velhas, já aparece em faixas etárias menores. São as dores e patologias trazidas pela tecnologia. “A gente percebe uma incidência de doenças tendinosas no membro superior. Na coluna vertebral, vemos alterações em relação à dor e à postura”, pontua o médico ortopedista Fernando Façanha Filho.


A dor é o sinal de alerta e ignorá-la pode trazer ainda mais dor e o agravamento de alguma lesão existente. A coordenadora da Clínica da Dor e professora universitária, Jô Malveira, explica que a tensão de um músculo pode tensionar outros músculos. “Uma dor na mão sobe para o antebraço e aí já há uma tendência de se forçar mais o movimento do ombro para diminuir a dor da mão e do antebraço. É como se fosse uma progressão de tensão, um ciclo vicioso”, detalha.


Essa tensão tem impacto direto no músculo e a dor que sentimos ao fazer movimentos repetitivos e por longa duração será resultado, na maioria dos casos, de nódulos, chamados de pontos de tensão. Já há, inclusive, a tendinite causada essencialmente pelos movimentos de escrever no WhatsApp. Mas como fugir no mundo tecnológico e das necessidades que ele impõe ao corpo? A resposta não é complicada: limites, posturas e preparo. Estar em dia com as atividades físicas e saber quando parar pode evitar inúmeras dores e doenças.


O Ciência & Saúde explicará como as dores da vida moderna e tecnológica acontecem. Músculo, nervos, ossos… quando o problema ocorre, medicamentos podem ser necessários, mas fisioterapia e atenção ao próprio corpo são indispensáveis e podem trazer resultados duradouros.

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