Logo O POVO+
Terapias para cuidar
Ciência e Saúde

Terapias para cuidar

A estimulação de pessoas com autismo deve ser multiprofissional
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
NULL (Foto: )
Foto: NULL
[FOTO1]

Dar possibilidade, autonomia e qualidade de vida é o principal objetivo das terapias que envolvem o acompanhamento de pessoas com autismo. O desafio (e a beleza) é que cada proposta respeite a individualidade, característica e necessidade de cada indivíduo. “A estimulação e o acompanhamento são bem individualizados. De forma geral, essas crianças precisam de fonoaudiólogo, de terapeuta ocupacional que trabalhe o desenvolvimento infantil, com abordagem de integração, e psicólogos da área comportamental”, detalha o neuropediatra Sávio Caldas.


A psicóloga Lidiane Queiroz, mestre e doutora em Teoria e Pesquisa do Comportamento, explica que o principal trabalho é a identificação de repertórios comportamentais do indivíduo. Lidiane trabalha com uma das terapias mais conhecidas no trabalho com pessoas do espectro autista: a ABA, ou análise do comportamento aplicada. “O que fazemos é o uso de protocolos e testes para encontrar marcadores e defasagens na aprendizagem, porque, de um modo geral, é um problema de aprendizagem. A gente identifica quais os marcos do desenvolvimento típico e onde o indivíduo está”, explica. Ela frisa que se trata de um trabalho individualizado.

[SAIBAMAIS]

De acordo com a terapeuta ocupacional Sabrina Ibiapina, é o acompanhamento conjunto que garante a eficácia do trabalho. Na área de atuação da profissional, por exemplo, o objetivo é trabalhar a integração social. “Nos empenhamos no que a gente chama de respostas adaptativas para que a criança interaja, tenha organização de comportamento dentro do estímulo oferecido, da interação do contato visual, do brincar de forma funcional”, afirma. “A gente estimula para que se possa alcançar marcos do desenvolvimento e sair dos padrões repetitivos, abrindo leque de interesse”, afirma.


Sabrina ressalta que muitas outras terapias têm surgido, usando música e animais, por exemplo. “É preciso ter mais pesquisas acerca da eficácia dessas abordagens. Mas, se faz bem, se é agradável, é sempre uma possibilidade. O importante é observar como o indivíduo se sente com determinada proposta.

Nem sempre o que funciona para uns funciona para outros”, conta. Ela ressalta ainda a importância de, no caso de crianças, deixar o tempo livre para as brincadeiras e o convívio familiar. “Nem tudo pode ser uma terapia o tempo inteiro”, diz.

[FOTO2]

Cuidar do cuidador

Não é só a pessoa com autismo que precisa de cuidados. Pais, familiares e cuidadores também necessitam de acompanhamento. Em redes de apoio, como associações e organizações, além de conseguir parcerias de tratamentos — já que, nem sempre, as opções são acessíveis financeiramente — as pessoas encontram a possibilidade de dividir experiências.


“É fundamental que as famílias tenham acompanhamento”, considera Sávio Caldas. Segundo ele, existem diversos estudos que identificam quadro de ansiedade estresse e depressão.


Sabrina Ibiapina ressalta que é com a família que as pessoas com autismo passam a maior parte do tempo. “É importante que todos estejam inteirados, acolhidos, para poder enxergar as possibilidades e oportunidades de desenvolvimento de seus filhos”, reforça a terapeuta ocupacional. (Eduarda Talicy)

O que você achou desse conteúdo?