Embora o consumidor não tenha controle direto sobre processos como abatimento, estocagem e transporte da carne que compra, é na escolha da peça, no armazenamento e no preparo em casa que ele pode garantir a qualidade do que está comendo. Conforme especialistas ouvidos pelo O POVO, se não houver cuidado preventivo, a ingestão de carne estragada pode ter consequências como mal-estar, febre e até diarreia com sangue.
O infectologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) Luís Carlos Rey lembra que, às vezes, a contaminação vem do próprio animal. Segundo o especialista, neste caso, o congelamento quase que imediato da carne pode diminuir a proliferação de bactérias, mas essa ainda não seria a situação ideal de armazenamento, uma vez que é preferível que a carne não esteja infectada de jeito nenhum. “Bacilos gram-negativos ficam em estado latente e voltam a se proliferar quando retornam à temperatura ambiente”, adianta.
Prática comum em alguns supermercados, o constante congelamento e descongelamento da carne por si só contribui para estragar o alimento, de acordo com a nutricionista Manuela Ribeiro. “No momento em que for descongelada, a carne precisa ser consumida”, indica. Manuela também alerta que o preparo mais adequado é o cozimento com água ou vapor. Quando a carna é feita em forma de churrasco, segundo ela, tende-se a criar uma crosta dourada resultante da reação entre açúcar e proteína, o que pode acarretar problemas como hipertensão.
Se a carne não for cozida ou mesmo assada corretamente, respeitando temperatura adequadas para cada tipo, possibilita ainda a presença de salmonelas — bactérias de origem intestinal. “A salmonela é a grande vilã presente no frango”, exemplifica o infectologista Luís Carlos Rey. A contaminação por salmonela, segundo Rey, é o que pode causar febre e disenteria, com sangue e pus nas fezes. “(A infecção) Pode durar semanas, meses”, calcula.
Na hora de comprar
No fim, o que é fundamental, para Manuela, é o consumidor desenvolver em si uma melhor consciência alimentar, “até para a gente poder cobrar mais das empresas que vendem esses produtos”. (Luana Severo - luanasevero@opovo.com.br)