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A dieta de quem come e de quem não come carne
Ciência e Saúde

A dieta de quem come e de quem não come carne

A carne é consumida há mais de dois milhões pelo homem, mas foi deixada de lado por pessoas que optaram pelo vegetarianismo ou pelo veganismo
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Por razões religiosas, preferenciais ou de restrição alimentar, o consumo de carne é variado. Em alguns casos, até nulo. Contudo, a relação das pessoas com o alimento — presente no cardápio humano há mais de dois milhões de anos — independe do uso e chega a ser pulsante. Prova disso é a repercussão da deflagração da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que investiga empresas envolvidas na manipulação irregular das carnes brasileiras. Diante do escândalo, efervescem discussões sobre o consumo entre carnívoros, vegetarianos e veganos.


Por ser Adventista do Sétimo Dia, o casal Flávio Nascimento, 41, e Ana Cristina, 37, já não costuma comer muita carne e a que se permite comer é criteriosamente escolhida. Os dois passam férias em Fortaleza. “Onde nós moramos (no Rio de Janeiro) tem alguns açougues em que a carne é um pouquinho mais cara, mas a gente confia. Normalmente a gente come alcatra, contra-filé”, detalha Flávio, que é líder de produção.


Já Cristina, especialista financeira, contou que o casal não costuma armazenar carne em casa por muito tempo. “Não gosto da carne sangrando. Gosto dela suculenta e fresca”, explica a mulher, que também tem o hábito de não ingerir o alimento quando sabe que nele há muita condimentação. “Quando você tempera muito, esconde o sabor”. A respeito da Operação Carne Fraca, ela diz: “nos assustamos muito, mas demos o desconto na viagem a Fortaleza”.


Veganismo

Há cerca de dez anos, a designer Raquel Rodrigues resolveu se tornar vegetariana. Cortou todo tipo de carnes da dieta alimentar, mas permaneceu consumindo alguns derivados de animais, como manteiga e queijo. “Eu resolvi parar de comer carne pelo sofrimento que isso causa aos animais. Com o tempo eu descobri que a produção de leite também é muito cruel e há cerca de uma ano e meio cortei qualquer tipo de produto animal”, conta.

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Foi somente após o veganismo que ela percebeu a diversidade da alimentação puramente feita com vegetais. O prato, antes pobre em verduras, se encheu de cor e, segundo ela, isso ajudou a anemia sumir mesmo diante da gravidez recente. Além disso, ela conta que melhoraram os processos inflamatórios no corpo.


Influenciada pelos benefícios da dieta, Raquel resolveu empreender ao lado do esposo e criou o foodtruck Rango Verde. A ideia é comercializar a alimentação vegana a preços populares. “Um pratinho nosso é cheio de sabor e tem o mesmo preço de qualquer pratinho vendido por aí”, conta Raquel. Por conter somente frutas e vegetais, ela afirma que a dieta chega a ser mais barata que as refeições que levam carne. No entanto, o trabalho na preparação costuma ser bem maior devido à diversidade de produtos presentes.


Ela conta que não se surpreendeu com as recentes notícias de fraudes na indústria alimentícia. “É um mercado muito poderoso e que trabalha com a morte e maus-tratos aos animais. O que me impressionou foi as pessoas se preocuparem somente com a qualidade da carne e não com o sofrimento dos bichos”, considera.


De acordo com a nutricionista Manuela Ribeiro, na dieta vegetariana não há nenhum componente a ser reposto com a ausência da carne. No entanto, pessoas veganas costumam apresentar alguma deficiência de vitamina B12, de origem animal, mesmo diante de uma reserva hepática do nutriente.


Raquel afirma que faz exames de rotina e sempre que é necessário repor vitaminas do complexo B ela recorre a produtos veganos. “Já exite no mercado alguns produtos que não causam sofrimento ao animal. Hoje, é super possível se vegano em Fortaleza”, acredita. (Eduarda Talicy e Luana Severo/Colaborou Sara Oliveira)


O QUE DIZ A LEI


O MINISTÉRIO DA AGRICULTURA e do Abastecimento regulamenta produtos embutidos e prevê quais componentes podem ser utilizados na fabricação:


1. CALABRESA

Produto obtido exclusivamente de carne suína, curado, adicionado de ingredientes, devendo ter o sabor picante característico da pimenta calabresa.

2. TOSCANA

É o produto cru e curado obtido exclusivamente de carne suína adicionada de gordura suína e ingredientes.

3. SALSICHA

Carnes de diferentes espécies de animais de açougue, mecanicamente separadas até o limite máximo de 60%, miúdos comestíveis de diferentes espécies de animais de açougue (estômago, coração, língua, rins, miolos, fígado), além de tendões, pele e gorduras.

4. MORTADELA

Carnes de diferentes espécies de animais de açougue, mecanicamente separadas, até o limite máximo de 60%, miúdos comestíveis de diferentes espécies de animais de açougue (estômago, coração, língua, fígado, rins, miolos), pele e tendões (no limite máximo de 10%) e gorduras.

OBS: Em nenhum dos produtos é permitida a adição de carne de cabeça.


 
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