Composta por mais de 400 substâncias químicas, da maconha derivam cerca de 60 compostos classificadas como canabinoides. Os mais estudados e que figuram como princípio ativo em medicamentos de muitos países são o tetraidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). O segundo, usado principalmente no tratamento de epilepsias refratárias, é mais bem aceito. Já o THC, responsável pelos princípios alucinógenos da droga, ainda gera controvérsia.

O psiquiatra e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) Fábio de Gomes Matos está entre os defensores do uso do CBD, mas condena qualquer ação do THC. Para ele, o CBD sintético, produzido em laboratório similarmente ao fitoterápico, tem o mesmo efeito. E o THC pode causar “síndrome amotivacional, desconectividade cerebral e prejuízo ao intelecto”, principalmente em indivíduos com menos de 25 anos. Trabalhando diretamente com dependentes químicos, o médico aponta que “a maconha é uma planta maléfica, não é medicinal”.

Ele teme uma regulação do uso medicinal por acreditar que o País não teria estrutura para impedir que, regulando o uso medicinal, o uso recreativo seja ainda mais expandido. (Domitila Andrade)