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O risco de não tratar a depressão nas crianças
Ciência e Saúde

O risco de não tratar a depressão nas crianças

A criança pode sair de um episódio depressivo sem intervenção profissional. No entanto, processo é mais demorado e deixa o caminho aberto para novos problemas
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Um ambiente familiar harmonioso, educadores atentos às alterações de comportamento, relações positivas na escola. Estes fatores ajudam a prevenir casos de depressão na infância. Mas, se a doença já começa a se formar, é hora de buscar ajuda profissional. A depender da intensidade e da frequência dos sintomas, a criança terá o diagnóstico correto e poderá ser acompanhada com a psicoterapia e medicamentos.


O tratamento é adequado a cada paciente, explica a psiquiatra Valéria Barreto Novais. Na psicoterapia, a criança será estimulada a lidar melhor com os sentimentos. Esta abordagem é mais comum para casos de depressão leve. Para o diagnóstico de depressão moderada ou grave, a prescrição de antidepressivos pode estar associada à terapia. Segundo a psiquiatra, deixar de tratar é caminho arriscado para o futuro da criança.


Isto porque, mesmo que um episódio depressivo seja resolvido sem tratamento, ele pode retornar com mais força tempos depois. “A depressão pode ser recorrente. Se você chega a novos episódios, vai ficando cada vez mais difícil sair deles, com tratamentos que são mais demorados e exigem doses mais altas de antidepressivos”, detalha. Sem intervenção correta na infância, as possibilidades são de uma adolescência de mais sofrimento psíquico e queda da funcionalidade. Na pior das hipóteses, o agravamento de transtornos mentais culmina em tentativas de suicídio.


Além da dificuldade em identificar a depressão e vencer o estigma, o desafio é de acolhimento na rede de atenção à saúde mental, destaca o psiquiatra Fábio Gomes de Matos. “Para quem não pode procurar um atendimento particular ou por convênio, o cenário é de pouco acesso e muita demanda. É necessário que tenhamos equipes completas e comprometidas no serviço público”, alerta. Ele avalia que, em Fortaleza, há rotatividade de profissionais nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Baixos salários e ausência de plano de carreira são alguns dos motivos apontados.


São 18 Caps na rede municipal. Dentre eles, dois têm atendimento voltado a crianças e adolescentes. Duas unidades dividindo o atendimento das seis regionais de Fortaleza. Uma no bairro Parquelândia, referência para as regionais I, III e V. Outra no Bairro de Fátima, abrangendo as regionais II, IV e VI. Como alternativa, o atendimento de psiquiatria infantil é ofertado no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) para pacientes encaminhados de outras unidades, como postos de saúde e Caps.


De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), não há previsão atual de ampliação do sistema, sendo prioridade a reestruturação da rede existente. Além dos Caps infantis, a pasta informa que 25 leitos infanto-juvenis são disponibilizados na Sociedade de Assistência e Proteção à Infância de Fortaleza (Sopai), hospital no Carlito Pamplona. (Thaís Brito)

 

ONDE BUSCAR AJUDA


Caps Infantil
Estudante Nogueira Jucá

Onde: Rua Cruz Saldanha, 485 - Parquelândia

Acesso: portas abertas para crianças e adolescentes nas Regionais I, III e V

Outras informações: 3105 3721

Caps Infantil Maria Ileuda Verçosa

Onde: Rua Jaime Benévolo, 1644 - Bairro de Fátima

Acesso: portas abertas para crianças e adolescentes nas regionais II, IV e VI

Outras informações: 3105 1510 ou 3105 1326

Hospital de Saúde Mental Frota Pinto - Núcleo de Atenção à Infância e Adolescência

Onde: Rua Vicente Nobre Macedo, s/n - Messejana

Acesso: portas abertas na rede estadual

Outras informações: 3101 4328

Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) - Liga de Neurologia e Psiquiatria Infantil (Linepi)

Onde: Rua Capitão Francisco Pedro, 1290 - Rodolfo Teófilo

Acesso: para crianças encaminhadas dos postos de saúde

Outras informações: 3366 8149

Hospital Infantil Albert Sabin

Onde: Rua Tertuliano Sales, 544 - Vila União

Acesso: para crianças internadas e encaminhadas dos postos de saúde

Outras informações: 3101 4200

Hospital Geral de Fortaleza (HGF)

Onde: Rua Ávila Goulart, 900 - Papicu

Acesso: para crianças e adolescentes encaminhadas dos postos de saúde

Outras informações: 3101 3209 ou 3101 3224

 

SAIBA MAIS

 

Depressão em adultos
O Programa de Apoio ao Deprimido Refratário (Proadere) é voltado para pessoas com episódios recorrentes de depressão e faz o atendimento ambulatorial nas tardes das terças-feiras no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). O acompanhamento é gratuito para pacientes com os seguintes critérios: depressão grave, tratamento psiquiátrico sem resposta e uso de mais de dois antidepressivos sem melhora no quadro.


Para marcação de triagens e mais informações, os telefones de contato são
9 8824 3760 e 9 9863 7213

 

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