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Ataque de hackers atinge fábrica da JBS no Ceará
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Ataque de hackers atinge fábrica da JBS no Ceará

Ciberataque atingiu a unidade cearense do grupo em Cascavel. Donos da empresa delataram pagamento de propina ao presidente Michel Temer
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Unidades do grupo J&F em seis estados - incluindo a JBS Couros, em Cascavel, no Ceará - foram afetadas pela ação de hackers na tarde de ontem. Invasores virtuais tentaram controlar o sistema do grupo empresarial, afetando os servidores de rede para reter senhas e dados e passar a cobrar resgate pelas informações acessadas.

O programa de vírus identificado foi o Wanna Cry, que costuma ser utilizado pelos cibercriminosos para esse fim. Foi a segunda ofensiva de piratas virtuais à empresa em cinco dias. A anterior havia sido no último sábado contra a Vigor Alimentos, empresa de laticínios do grupo.


O ciberataque de ontem foi à sede administrativa de São Paulo, mas atingiu as operações das unidades no Ceará, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rondônia. Todas são fábricas da divisão de couro do grupo empresarial, atendendo segmentos de calçados, artefatos, movelaria e indústria automobilística.


O POVO apurou que o sistema de informática da JBS chegou a sofrer travamentos parciais ou totais nessas unidades das 13 horas às 17 horas. Ele só teria normalizado no início da noite.


O ataque afetou emissões de notas e vinculações eletrônicas com Secretaria da Fazenda e Receita Federal. Todo o suporte fiscal teria sido comprometido.


Não houve informação se os hackers conseguiram acessar o setor de finanças do das empresas. A orientação interna de emergência ontem, disparada pelos programadores, foi a troca total de senhas de vários departamentos.


O POVO recebeu a informação sobre o ataque de ontem no fim da tarde. Procurou, por telefone, a fábrica de Cascavel e a matriz de São Paulo. As ligações estavam desviadas para as portarias, que confirmaram o atendimento somente no horário comercial.


O Wanna Cry é uma plataforma de vírus considerada de nível alto, que viola sistemas empresarias e de órgãos públicos por meio de emails ou por programas piradas. Sempre com a intenção de se apoderar dos dados.

A blindagem costuma ser feita com a atualização do sistema operacional e aplicação de antivírus.


A JBS, empresa do grupo J&F, está no noticiário como protagonista do escândalo político do momento. As delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da empresa, citam o pagamento de propina a vários políticos, entre os quais o presidente Michel Temer, o deputado federal Rodrigo Loures (PMDB-PR) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG). O ex-governador Cid Gomes também foi um dos mencionados pelos irmãos Batista. Todos os citados negam o
recebimento de propina.


No Ceará, a JBS Couros foi inaugurada em Cascavel, a cerca de 60 Km de Fortaleza, em agosto de 2013. O complexo industrial ocupa 75 mil m² e tem pelo menos mil empregados. O investimento na fábrica informado à época foi de R$ 40 milhões.


No ataque virtual, os hackers teriam deixado mensagens com xingamentos ao grupo. Em março, a JBS já havia sido alvo da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, sobre possíveis fraude na produção e venda de carne e derivados.

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