O programa de vírus identificado foi o Wanna Cry, que costuma ser utilizado pelos cibercriminosos para esse fim. Foi a segunda ofensiva de piratas virtuais à empresa em cinco dias. A anterior havia sido no último sábado contra a Vigor Alimentos, empresa de laticínios do grupo.
O ciberataque de ontem foi à sede administrativa de São Paulo, mas atingiu as operações das unidades no Ceará, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rondônia. Todas são fábricas da divisão de couro do grupo empresarial, atendendo segmentos de calçados, artefatos, movelaria e indústria automobilística.
O POVO apurou que o sistema de informática da JBS chegou a sofrer travamentos parciais ou totais nessas unidades das 13 horas às 17 horas. Ele só teria normalizado no início da noite.
O ataque afetou emissões de notas e vinculações eletrônicas com Secretaria da Fazenda e Receita Federal. Todo o suporte fiscal teria sido comprometido.
Não houve informação se os hackers conseguiram acessar o setor de finanças do das empresas. A orientação interna de emergência ontem, disparada pelos programadores, foi a troca total de senhas de vários departamentos.
O POVO recebeu a informação sobre o ataque de ontem no fim da tarde. Procurou, por telefone, a fábrica de Cascavel e a matriz de São Paulo. As ligações estavam desviadas para as portarias, que confirmaram o atendimento somente no horário comercial.
O Wanna Cry é uma plataforma de vírus considerada de nível alto, que viola sistemas empresarias e de órgãos públicos por meio de emails ou por programas piradas. Sempre com a intenção de se apoderar dos dados.
A blindagem costuma ser feita com a atualização do sistema operacional e aplicação de antivírus.
A JBS, empresa do grupo J&F, está no noticiário como protagonista do escândalo político do momento. As delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da empresa, citam o pagamento de propina a vários políticos, entre os quais o presidente Michel Temer, o deputado federal Rodrigo Loures (PMDB-PR) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG). O ex-governador Cid Gomes também foi um dos mencionados pelos irmãos Batista. Todos os citados negam o
recebimento de propina.
No Ceará, a JBS Couros foi inaugurada em Cascavel, a cerca de 60 Km de Fortaleza, em agosto de 2013. O complexo industrial ocupa 75 mil m² e tem pelo menos mil empregados. O investimento na fábrica informado à época foi de R$ 40 milhões.
No ataque virtual, os hackers teriam deixado mensagens com xingamentos ao grupo. Em março, a JBS já havia sido alvo da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, sobre possíveis fraude na produção e venda de carne e derivados.