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Mercado de Fortaleza ainda não sentiu efeitos da operação Carne Fraca
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Mercado de Fortaleza ainda não sentiu efeitos da operação Carne Fraca

Polícia Federal aponta existência de um suposto esquema de corrupção entre frigoríficos e fiscais agropecuários, mas, ontem à tarde, comerciantes e c onsumidores locais não apresentavam impacto da situação
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A operação da Polícia Federal, denominada Carne Fraca, coloca em dúvida a qualidade dos produtos vendidos por duas gigantes brasileiras do setor de carnes: JBS, dona das marcas Friboi Seara e Big Frango, e a BRF, dona da Sadia e Perdigão. Mas a notícia de que as empresas pagavam propina para vender carnes vencidas ou adulteradas com produtos químicos — o que tanto a JBS quanto a BRF negaram — ainda não afetou o consumo. Nos supermercados alguns nem sabem o que aconteceu, outros estão desconfiados.

[SAIBAMAIS]

O presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Gerardo Vieira Albuquerque, disse ontem a noite que não tinha conhecimento de qualquer alteração por causa da operação. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes do Ceará (Sindicarnes-CE), Everton da Silva, destacou que a carne consumida no Estado, 95% é importada de outros estados, vem das regiões do Pará, Tocantins, Maranhão e Goiás onde os frigoríficos não teriam sido atingidos. Foram interditados frigoríficos em Santa Catarina e no Paraná. “A gente está muito tranquilo porque a carne é toda inspecionada”, completa.


Ele diz que não acredita que haverá redução de consumo de carne. “E se tiver não vai atingir o Nordeste”, avalia. A carne bovina está está no período de safra, que vai de janeiro a julho, e os preços estão estáveis.


A engenheira de Alimentos Flayanna Gouveia Braga Dias, diz que é díficil saber se a carne contaminada dos frigoríficos do Sul foi distribuída também no Ceará. “Essas grandes empresas têm vários centros de distribuição. “Na verdade, as carnes que são distribuídas em todo o País, são “teoricamente” inspecionadas. Mas com a descoberta dessa quadrilha também não dá para saber até onde ela foi fiscalizada como determina a legislação”, completa, ressaltando que o risco maior é de contaminação por salmonela.


A especialista acredita que a queda de consumo dos produtos dessas empresas vai depender da divulgação, da visibilidade que for dada. Ela lembra de outros fraudes descobertas no Sul como a soda caústica adicionada ao leite e detergente num suco de frutas.


É cedo

Analistas do setor pecuário e de grãos consideram cedo para medir as consequências da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira. Para a analista Daniele Siqueira, da consultoria AgRural, a notícia é muito recente e ainda é muito cedo para avaliar seus efeitos sobre os preços dos grãos. “Hoje não teve efeito sobre o mercado de soja. Claro que fica o receio: se houver uma reação dos consumidores do mercado interno e externo contra a carne brasileira, isso pode gerar uma reação na demanda tanto de soja quanto farelo”, apontou a analista. Daniele ressaltou, entretanto, que a expectativa é de que o problema seja resolvido rapidamente e que o impacto não deve ser significativo sobre a cotação da soja. “Se tiver uma reação do consumidor, ela deve ser temporária. Não deve existir uma queda de grande do consumo.” (com Agências)

 

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Ministério afasta 33 servidores

O secretário executivo do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Eumar Novaki, disse ontem que as fraudes no processamento de carnes por algumas das maiores empesas do ramo alimentício do País, identificadas pela Operação Carne Fraca, são um “fato isolado” e que os consumidores podem “ficar tranquilos”. Segundo o secretário, 33 servidores do órgão já foram afastados.


Sistema “robusto” e “consolidado”

Mesmo afirmando que os consumidores podem ficar tranquilos quanto à procedência dos produtos, o secretário recomendou que a população fique atenta a possíveis sinais de má conservação. Novaki assegurou que, apesar das irregularidades, o sistema de vigilância sanitária brasileiro é “consolidado”, “robusto” e “aprovado por inspeções internacionais”

 

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