Policiais militares e dependentes químicos entraram em confronto na tarde de ontem, na Cracolândia, região central da capital paulista. Os usuários de drogas fizeram barricadas e atearam fogo para impedir o avanço dos PMs. Os policiais usaram balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. Ao menos cinco PMs e um fotógrafo ficaram feridos.
Segundo a Polícia Militar, a confusão começou após a prisão de dois suspeitos na Alameda Barão de Piracicaba. Um grupo de pessoas foi para cima dos agentes, que buscaram apoio do Corpo de Bombeiros. Ainda de acordo com a PM, dependentes químicos jogaram pedras em direção aos bombeiros.
O coronel Alexandre Gasparian, comandante do policiamento na área, afirmou que grupo de usuários tentou invadir o Corpo de Bombeiros. Os policiais feridos durante o confronto foram socorridos e levados ao Hospital Militar. A Força Tática e o Grupamento Aéreo foram enviados à região.
O fotógrafo Dario de Oliveira foi baleado na perna. Socorrido por moradores e comerciantes da região, foi levado ao hospital pelos bombeiros. Segundo o relato de jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos que estavam no local, o tiro partiu do chamado fluxo. Não se sabe se a bala era de fogo ou borracha.
A Guarda-Civil Metropolitana montou uma linha de bloqueio para evitar o avanço dos dependentes químicos sobre os agentes.
Profissionais de saúde, da assistência social e de ONGs que trabalham na região dizem temer o aumento da repressão policial na área com a nova gestão municipal. "Desde o começo de janeiro, está circulando o aviso de que a polícia fará uma batida mais forte", diz o psicólogo Cristiano Vianna, de 36 anos, do coletivo Casa Rodante. O novo secretário municipal da Segurança Urbana, José Roberto Rodrigues, afirma que buscará a integração com o governo do Estado para ações na Cracolândia.